Entre 10% e 55% da população mundial, sofre de dor de forma crônica, o que pode significar a incapacidade para a realização das atividades diárias.
A dor é uma condição multifatorial e difícil de entender, definida pela Associação Internacional para Estudo da Dor (IASP) como uma “experiência sensorial e emocional desagradável associada a uma lesão real ou descrita em tais termos”. Mais do que uma sensação negativa de que algo está errado com o corpo, a dor pode ser incapacitante para muitos dos acometidos.
A dor crônica leva à falta no trabalho, incapacidade temporária ou permanente, sofrimento e aos altos custos ao sistema de saúde, sendo considerada um problema de saúde pública.
Ainda segundo a IASP, a prevalência de dor crônica no mundo
é estimada em torno de 10% a 55%, com média de 35,5%. No Brasil, embora não
existam muitos estudos epidemiológicos conclusivos, a incidência é de 30% a
50%.
Atuação dos analgésicos e anti-inflamatórios contra a dor
Os analgésicos atuam, primariamente, no alívio da dor, por
agir nos nociceptores e, secundariamente, ao reduzir o processo inflamatório,
que é um fator importante de dor.
Tanto os analgésicos anti-inflamatórios esteroidais, quanto
os não esteroidais, interferem na cascata inflamatória, reduzindo a evolução da
mesma e também diminuindo a chance de evoluir para uma cronificação.
Os Anti-Inflamatórios Não Esteroides (AINEs) estão entre os medicamentos mais prescritos em todo o mundo. Estes fármacos incluem a aspirina e vários outros agentes inibidores da ciclooxigenase (COX), seletivos ou não. Eles inibem a ciclooxigenase, que é responsável pela produção de prostaglandinas, reduzindo o edema(inchaço) e o processo inflamatório (dor, calor e rubor). Os anti-inflamatórios devem ser tomados com muita cautela, pois apresentam diversos efeitos colaterais. A melhor forma de tratamento é buscar ajuda especializada no início dos sintomas, antes que eles progridam e se tornem graves.
Os medicamentos para dor, hoje, estão disponíveis em
diversas apresentações. O mais comum é que as pessoas optem por comprimidos
para aliviá-la, sendo os mais comuns à base de dipirona ou ibuprofeno e,
raramente, vão ao médico, a menos que o sintoma se prolongue por muito tempo ou
seja realmente incapacitante. Outro tipo de dor que merece atenção são as dores
abdominais. Entre as dores mais frequentes em consultório, estão a dispepsia
(“dor no estômago”), cólicas abdominais e desconforto abdominal decorrente de
excesso de gases ou constipação intestinal(prisão de ventre). Na em grande parte
das vezes, são decorrentes de erro alimentar.
A dor corresponde por 80% das consultas médicas no mundo.
Outros estudos apontam para dados ainda mais alarmantes. De acordo com o levantamento Global Pain Index 2018, encomendado pela GSK, 96% dos brasileiros já sentiram alguma dor no corpo; e 95% têm dores todos os dias. Apesar da intensidade e a reação à dor ser muito particular, pode-se dizer que ela já afetou o dia a dia de quase todo mundo uma vez na vida. Ainda segundo o estudo, que ouviu 24 mil pessoas de 24 países, quatro em cada cinco entrevistados se sentem pessoas melhores quando não estão sentindo dor.
As dores afetam o dia a dia das pessoas de diferentes maneiras. Há quem fique mais estressado, não consiga se concentrar no trabalho ou em outras atividades. Como vivemos uma rotina cada vez mais multitarefa, trabalhando, as dores não devem ser mais um obstáculo.
No mundo, as dores musculares são as mais frequentes (95%), contemplando as dores nas costas (92%), dores na lombar (87%), no pescoço (86%)
e nos ombros (83%). No entanto, falar sobre dores no Brasil ainda é um tabu
para quatro em cada dez entrevistados e, para a metade deles, o assunto é algo
muito pessoal, sendo difícil falar sobre o tema.
Abaixo, as características dos seis tipos de dor existentes.
1. DOR CRÔNICA
É definida como uma dor de longa duração (maior que três
meses) em que há perda de sinais de proteção do organismo. A dor crônica
envolve não apenas a sensação dolorosa, mas a associação de fatores psicológicos
e físicos, com alterações de humor, fadiga, sonolência, entre outras. Lembrando
que a dor lombar é a principal causa de dor crônica.
Geralmente, decorre de sequelas vindas de tratamento
cirúrgico, radioterapia, quimioterapia, pós-lesão medular, neuralgia
pós-herpética e depois de Acidente Vascular Cerebral (AVC).
2. DOR AGUDA
É descrita com uma dor com duração de até três meses e
funciona como um sinal de alerta contra algo estranho a que o corpo foi
submetido, tendo como característica ser autolimitada e de forte intensidade. Este
tipo de dor tem duração inferior a três meses e geralmente, envolve queimados,
politraumatizados, trabalho de parto, pós-operatório, cólica renal e infarto do
miocárdio.
3. DOR RECORRENTE
É definida como uma dor que apresenta períodos de melhora e
agravamento, não sendo constante. O paciente não tem sintomas entre as crises.
Um exemplo são as dores de cabeça, como enxaquecas.
São frequentemente recidivas depois de algum tempo sem se
manifestar. Por exemplo, com a neuralgia do trigêmeo (que leva à dor facial
leve a intensa), mesmo sem tratamento clínico ou cirúrgico, e pode, em 30% dos
casos, recorrer após serem tratados com cirurgia.
4. DOR NOCIPECTIVA
É caracterizada pela presença de um estímulo doloroso em
nociceptores, que são as terminações nervosas responsáveis pela percepção de
estímulos agressivos.
Não há lesão do Sistema Nervoso Central (SNC), mas uma lesão
tecidual. Pode ter origem em situações de pós-operatório ou osteoartrite, por
exemplo.
Este tipo de dor, na forma aguda, desempenha, geralmente,
uma função biológica importante (preventiva), ao contrário da dor crônica, que
perdeu essa função.
5. DOR NEUROPÁTICA
Acontece quando há uma disfunção ou lesão no sistema
nervoso. Decorre da lesão primária do SNC – sistema nervoso central - encefálico
ou medular, periférico (complexos nervosos, raízes e nervos) e neurovegetativo.
Aparecem em casos comuns entre pacientes com herpes zoster e no diabetes.
6. DOR MISTA
É uma mistura da dor de caráter nociceptiva (estímulo
doloroso em nociceptores) com a dor neuropática(disfunção ou lesão no sistema
nervoso). O exemplo mais comum é a dor oncológica e a lombociatalgia (dor nas
costas com irradiação para as pernas).