sexta-feira, 28 de julho de 2023

Leucoencefalopatia supratentorial isquêmica de predomínio periventricular

A leucoencefalopatia também designada de microangiopatia obstrutiva, trata-se de lesões isquémicas de pequenos vasos, que tem como fatores de risco a hipertensão, diabetes, tabagismo, sedentarismo e idade. Leucoencefalopatia é um termo que descreve todas as doenças que afetam a matéria branca cerebral, independentemente da sua causa ser conhecida ou desconhecida. Podendo ser analisada a sua gravidade pelo grau na escala de Fazekas num exame de neuroimagem. A região supratentorial corresponde a praticamente a todo o encéfalo, onde estão áreas nobres responsáveis pelos movimentos do corpo, sensibilidade, visão, audição, raciocínio, memória, dentre muitas outras. Normalmente são assintomáticas, mas em estágios mais avançados, pode trazer sintomas cognitivos (desde comprometimento cognitivo leve até síndrome demencial). No exame de ressonância aparecem pequenos focos de isquemia, microvasos que acabam por não ter a vascularização completa gerando cicatrizes. A calcificação puntiforme pode surgir neste processo vascular com redução do volume do parênquima encefálico. Podendo ser analisado a gravidade pelo controle na escala de atrofia cortical global. Também deve ser feita avaliação de neuroimagem pontuando os escores de atrofia hipocampal (MTA) e atrofia parietal (PCA) para que possa ser avaliado e/ou descartado outras doenças neurodegenerativas. O tratamento é justamente os cuidados com os fatores de risco, ou seja, controlar as doenças de base (hipertensão, diabetes, dislipidemia), atividade física e dieta saudável. Não existem medicamentos específicos pra leucoencefalopatia. Quando pacientes têm Múltiplos fatores de risco e grau moderado e grave (Fazekas 2 ou 3) pode-se iniciar com um antiagregante plaquetário, como a aspirina por exemplo; estatinas e Ômega 3 off-label. Medicações do grupo dos benzodiazepínicos, como o Rivotril, estão associadas com piora cognitiva a longo prazo.

Lesões cerebrais. Demências. Avaliação de Neuroimagem

A avaliação de neuroimagem deverá ser feita de forma sistematizada, pontuando os escores de Leucaraiose (Fazekas), atrofia hipocampal (MTA) e atrofia parietal (PCA). Adicionalmente deverá ser realizada a pesquisa de outros marcadores de doença de pequenos vasos, como a contagem de microsangramentos e a verificação da ocorrência de lacunas, microinfartos (DWI) e dilatação de espasços perivasculares (DPVS). Para maiores detalhes sobre esse tema, sugerimos a leitura do artigo: Wardlaw et al. Neuroimaging standards for research into small vessel disease and its contribution to ageing and neurodegeneration. Lancet Neurol 2013; 12: 822–38.
1- Escala de Fazekas (Fazekas et al., 1987) Método utilizado para quantificar o grau de lesões hiperintensas em T2 visíveis na substância branca. 0 = Ausente 1 = Focos esparsos menores que 10mm. Áreas de lesões confluentes menores que 20mm em diâmetro. 2 = Confluência inicial: lesões únicas entre 10 e 20mm e áreas de lesões agrupadas com mais de 20mm de diâmetro 3 = Confluência severa: amplas áreas de confluência, com lesões únicas maiores que 20mm de diâmetro.
2- Escore de atrofia mesial temporal (MTA) ou Escala de Scheltens (Scheltens et al., 1995) O escore MTA é uma análise visual realizada com RM, utilizando cortes coronais em T1 do hipocampo, ao nível da região anterior da ponte. 0 = Sem LCR visível ao redor do hipocampo 1 = Fissura Coróide levemente alargada 2 = Moderado alargamento da fissura coróide, leve aumento do corno temporal e leve perda do tamanho hipocampal 3 = Marcado alargamento da fissura coróide, moderado aumento do corno temporal, moderada perda de tamanho hipocampal 4 = Marcado alargamento da fissura coróide, marcado aumento do corno temporal e o hipocampo é marcadamente atrofiado, sua estrutura interna é perdida. OBS: Paciente com 75 anos ou mais, um escore ≥ 3 é anormal. Paciente com menos de 75 anos, um escore ≥ 2 é anormal.
3- Escore de atrofia posterior ou Escore de Koedam Este escore foi desenvolvido para possibilitar uma avaliação visual do córtex parietal à RM. Para geral este escore, o cérebro deve ser visto em 3 planos e várias estruturas devem ser avaliadas: 1- Sagital: sulco cingular posterior, sulco parieto-occipital e giro pré-cuneus. 2- Plano Coronal: sulco cingular posterior e lobo parietal 3- Axial: sulco cingular posterior e giros lobo parietal Os piores achados são utilizados para gerar os graus de 0 a 3 Grau 0: Sulcos fechados, sem atrofia giral Grau 1: Alargamento sulcal leve, atrofia de giros leve Grau 2: Alargamento sulcal moderado, atrofia giral moderada Grau 3: Alargamento sulcal acentuado, atrofia giral acentuada com aspecto em lâmina de faca.
Legenda figura : PCS: Sulco Cingular

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