terça-feira, 22 de outubro de 2013

Novo tratamento para tumor no cérebro diminui risco de sequelas


O procedimento é indicado para pacientes diagnosticados com tumores do próprio tecido cerebral, que se situam próximo às partes mais nobres do cérebro

Agência Brasil


Um novo conceito no tratamento de tumores cerebrais, batizado informalmente de GPS Cirúrgico, está diminuindo o risco de pacientes adquirirem sequelas ao passar por um procedimento operatório. Com recursos de neuroimagem, os médicos mapeiam a atividade cerebral, identificando as áreas de cada função, como a capacidade motora e a de compreensão. Assim, é possível identificar as zonas sensíveis que poderiam ser lesadas. A estratégia está sendo aplicada no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp).

De acordo com o neurocirurgião do Icesp Guilherme Lepski, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), a cirurgia clássica exige uma série de informações sobre o tumor, como a localização, o tamanho, a profundidade, a irrigação sanguínea, mas, ainda assim, não é possível atestar que uma zona crítica não será afetada. "Essas áreas não são visíveis. Supomos a localização delas. Mas, quando existe um tumor, essas áreas se reorganizam e você não pode prever com certeza onde elas estão", explicou.

Lepski esclarece que a decisão sobre que área atacar é tomada durante a cirurgia, enquanto o cérebro está anestesiado. "O cirurgião tem que decidir se vai continuar operando, [se vai] comprar um risco maior de sequela para que o paciente tenha uma sobrevida mais longa, ou se vai parar, deixando um pedaço maior de tumor, mas pensando na qualidade de vida do doente", apontou. A nova abordagem, ao identificar as funções, possibilita que o médico tenha mais segurança para decidir sobre uma postura mais agressiva ou não em relação ao tumor.

Uma das técnicas incorporadas envolve a monitorização eletrofisiológica intraoperatória, que faz o registro constante e em tempo real de diversas funções neurológicas. O sistema guia o médico durante a retirada do tumor de maneira semelhante aos sistemas de navegação automotivos baseados em GPS. Nesse caso, no entanto, o sistema de navegação se baseia em raios infravermelhos. "Estou vendo o grau de contração em determinados músculos, estimulando área visual para ver se estão preservados", exemplificou.

Embora ainda não seja possível dizer qual o percentual de redução de sequelas com essa nova abordagem cirúrgica, Lepski cita a diminuição do tempo de internação como um dos ganhos para os pacientes. Ele destaca ainda que são menores os custos relacionados ao tratamento de complicações, como paralisia. "Antes, ele precisaria de andador, de fisioterapia. Se cair, por exemplo, vai precisar ser operado de urgência. São custos indiretos", apontou.

Além disso, aumenta-se a sobrevida do paciente, já que uma maior área do tumor pode ser atacada. "A qualidade de vida do doente melhora e a sobrevida aumenta porque, prestando atenção a essas funções, você tira mais tumor do que tiraria. O médico não é obrigado a parar [a cirurgia] antes, por excesso de zelo. Vai além e consegue retirar mais", relata.

O procedimento é indicado para pacientes diagnosticados com tumores do próprio tecido cerebral, que se situam próximo às partes mais nobres do cérebro. "A técnica convém para tumores dentro do cérebro, sejam benignos ou malignos, desde que localizados nessas áreas", esclareceu. Uma média de 24 pacientes é atendida pelo setor de neurocirurgia do Icesp e cerca de metade é beneficiada com a nova estratégia cirúrgica.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Mulheres morrem mais de doenças cardíacas que de câncer. Consulte o seu médico regularmente.




Pesquisa realizada pela Bayer HealthCare Pharmaceuticals com o apoio da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) mostrou que as doenças do coração representam a maior causa de mortalidade no Brasil.
 “Apesar dos avanços tecnológicos para diagnóstico e tratamento, novos medicamentos e tecnologia para a realização de cirurgias, as doenças cardiovasculares persistem como maior fator de impacto, somando 30% de todas as causas de mortes no país”, alerta o cardiologista Jadelson Andrade, presidente da SBC.
Maioria mulheres
O problema cresce entre o público feminino porque os fatores de risco estão muito presentes na vida da mulher, sendo que sete deles (hipertensão, obesidade, sedentarismo, diabetes, tabagismo, colesterol elevado e a presença de dois destes associados) são considerados os responsáveis por essa epidemia. 
Se isso não for levado mais a sério, em vinte anos, o Brasil deverá ocupar o posto de campeão em mortes por doenças do coração. “Uma das formas mais simples de identificar uma anormalidade no ritmo cardíaco, por exemplo, é por meio do autoexame do pulso”, ressalta Andrade. Nessa medição é possível identificar um tipo de arritmia, a fibrilação atrial, um tipo de arritmia em que as câmaras superiores (átrios) não se esvaziam completamente e o sangue não flui de forma adequada. Com isso, há formação potencial de coágulos que podem se soltar e se deslocar para o cérebro causando um AVC.
De acordo com a pesquisa, 71% do público desconhece o que é fibrilação atrial. “Ela atinge cerca de 1,5 milhão de pessoas no país e é uma das principais causas de AVC”, relata Ricardo Pavanello, supervisor de Cardiologia Clínica do Hospital do Coração.
O problema está diretamente relacionado à idade, portanto, é mais comum em pacientes acima dos 70 anos. “Essa arritmia aumenta em até cinco vezes o risco de a pessoa sofrer um AVC”, considera Andrade.
Diagnóstico
No consultório, o diagnóstico pode ser confirmado por meio de auscultação cardíaca, quando o médico ouve o coração com a ajuda do estetoscópio. O presidente da SBC confirma que esse exame tem 100% de eficácia. Ainda assim, o médico pode solicitar um eletrocardiograma de repouso.
Resultado alarmante
A pesquisa identificou que a população ainda desconhece os fatores de risco relacionados às doenças cardiovasculares e quais as principais causas de mortalidade no Brasil. “Cerca de 30% acredita que o câncer mata mais que as doenças do coração”, destaca Pavanello. No entanto, o câncer mata 30% menos mulheres que o coração. E embora 72% dos entrevistados considerem que é possível prevenir as doenças cardiovasculares, os índices aumentam a cada ano.
O Brasil é o país com um dos maiores números de mortes por AVC na América Latina, com mais de 129 mil casos todos os anos, conforme levantamento feito junto ao SUS. “As doenças do coração matam mais que somados câncer, aids, doenças pulmonares e acidentes de trânsito”, finaliza Andrade.

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