Doenças cardiovasculares, cânceres, diabetes e doenças pulmonares têm muitas coisas em comum. Conhecidas como Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs), são responsáveis por 63% das mortes em todo o mundo, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde.
No Brasil, este número é ainda maior: as DCNTs respondem por 74% da mortalidade no país. Esse conjunto de enfermidades é o problema de saúde de maior magnitude do país.
Por volta de 2030, doenças cardíacas, cânceres, enfermidades relacionadas à obesidade e doenças do aparelho respiratório serão responsáveis por 81% das mortes na América Latina, segundo dados do Population Reference Bureau.
A genética pode favorecer o desenvolvimento das doenças não transmissíveis. Mas na maior parte dos casos é o estilo de vida que determina o ritmo do colapso. Sedentarismo, obesidade, tabagismo, estresse e até poluição atmosférica estão entre os principais desencadeadores de problemas crônicos.
As DCNTs têm outra importante característica em comum: são assintomáticas e, quando se manifestam, são sinal tardio de um quadro grave já instalado. As doenças cardiovasculares, que no Brasil são as mais letais – causam 30% das mortes de todo o território –, costumam aparecer na forma de dores no peito (chamadas de anginas), falta de ar e fortes dores de cabeça.
E é comum que apareçam também em sua forma fulminante.
Exames laboratoriais e de imagem são fundamentais para detectar doenças sem sintomas. Um exemplo disso é o número bastante relevante de casos de pequenos tumores em rins – que não dão sinais de sua presença – descobertos em exames de imagem durante check-ups de rotina.
Prevenção é remédio
Em regiões do globo marcadas por campanhas contra doenças infecciosas, determinar políticas públicas eficientes para o tratamento dessas doenças tão invisíveis quanto fatais é tarefa difícil.
Especialmente quando a receita para o caso é tão simples como adotar uma rotina de exames. “Infelizmente ainda nos empenhamos no tratamento das consequências”, diz o Dr. Wilson Mathias Jr., professor livre-docente em Cardiologia pela Faculdade de Medicina da USP, em São Paulo. “Carecemos de estratégias de prevenção.” O diagnóstico tardio é um dos responsáveis pelos números de mortalidade entre cardíacos, por exemplo.
Para que o diagnóstico precoce se torne uma realidade acessível, ainda há muito a ser feito: “É preciso conectar o sistema de saúde público e privado e melhorar toda a infraestrutura, para possibilitar mais troca de informação”, aponta Speranzini.
Medidas simples podem mudar o quadro de saúde do futuro no país.
24% da população brasileira tem hipertensão arterial.
Já entre os brasileiros com mais de 65 anos, 59% são hipertensos.
O Brasil ainda tem uma grande ocorrência de AVC (o acidente vascular cerebral), e a maior causa dessa doença é a hipertensão mal controlada. Da mesma forma que as pessoas costumam se pesar uma vez por mês, devem medir a pressão arterial a cada 2 meses.